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Dor após endodontia: Quando devemos investigar mais a fundo?

Poucas coisas mexem tanto com a gente quanto ouvir de um paciente, dias depois de uma endodontia bem conduzida:

“Doutor, ainda estou com dor.”

Aquela sensação de que algo escapou. De que, mesmo tendo seguido o protocolo, algo não saiu como o planejado.
E, no fundo, a pergunta que vem é sempre a mesma:


“Será que eu poderia ter feito algo diferente?”

A verdade é que sentir dor após um tratamento de canal não é, por si só, sinal de falha. A dor faz parte do processo de cura — às vezes como uma visita breve, outras como uma hóspede demorada.

💡 Mas como saber quando a dor está apenas cumprindo seu papel no pós-operatório? E quando ela está nos dizendo algo mais?

Como reconhecer o limite entre o desconforto natural após a endodontia e o alerta de que algo precisa ser reavaliado?

👉 É sobre isso que a gente vai conversar aqui.
Sem fórmulas mágicas. Sem receitas prontas.
Mas com o compromisso de olhar com clareza e profundidade para o que pode estar por trás dessa dor que persiste.
Porque o que o paciente mais precisa — além do tratamento técnico — é de alguém que realmente escute o que o corpo dele está tentando dizer. ❤️


⏱️ Primeiras 48 a 72 horas: O Esperado

Na grande maioria dos casos, o desconforto após a endodontia aparece logo nas primeiras 24 a 72 horas — e vai embora gradativamente.
✅ É o ciclo natural de uma resposta inflamatória local.
✅ O corpo reagindo a tudo o que foi feito: preparo, irrigação, obturação… tudo isso gera estímulo nos tecidos ao redor.

Agora, nem todo organismo responde da mesma forma. E nem toda endodontia é igual.
Alguns fatores podem realmente tornar esse pós mais sensível:

⚠️ Extrusão excessiva de debris contaminados;
⚠️ Extrusão de substâncias químicas mais agressivas;
⚠️ Dor pré-operatória intensa;
⚠️ Procedimentos mais extensos ou com alguma intercorrência.

Quando isso acontece, é comum que o paciente precise de algo além de medicação analgésica mais potente:

💛 Ele precisa de escuta e orientação.
A dor pode passar, mas o acolhimento que ele recebeu naquele momento… esse fica.


🔄 Após as 72 horas iniciais, o cenário começa a mudar

A dor ‘esperada’ ainda pode seguir presente?
✅ Pode.
Mas ela muda de cara:

➡️ Passa a ser algo mais pontual — um incômodo leve ao mastigar algo mais duro, uma sensibilidade residual ao toque.
O importante aqui é observar a tendência na linha do tempo.

Se o paciente diz:
💬 “Nos dois primeiros dias estava bem ruim, mas agora já está melhorando” — você pode respirar mais tranquilo. O corpo está fazendo seu trabalho.

Agora, se a dor segue intensa, sem controle com analgésico, ou se começa a piorar…

🚨 É hora de ligar o sinal de alerta.
Pode haver ali um processo de agudização que merece nova intervenção.
(E isso é assunto para um outro post, pois seria o chamado flare-up.)


🕰️ E quando a dor decide ficar?

Quando a gente chega no território dos 7, 14, 30 dias… e o paciente ainda relata dor, o caminho é outro.

A partir daqui, é preciso investigar — com:
🔍 Escuta
🔍 Técnica
🔍 E, muitas vezes, humildade para considerar hipóteses que não estavam no radar inicial.

Vamos aos possíveis cenários:


1️⃣ A dor vem mesmo do dente tratado?

Antes de tudo, é preciso confirmar se a dor está realmente associada ao dente que você tratou.
❗ Parece óbvio, mas não é raro encontrarmos dor referida — de um dente antagonista, um dente vizinho, ou até mesmo de outra origem não dentária.

✅ Testes de percussão, palpação e, se necessário, até novos testes térmicos ajudam a clarear essa dúvida.
👂 Escutar o paciente com atenção faz ainda mais diferença aqui.


2️⃣ E o contato no dente, como está?

Às vezes, o problema é simples:
⚠️ Um contato prematuro.
Algo mínimo, mas suficiente para gerar um microtrauma repetido que mantém o tecido irritado.

Seja na própria restauração pós-endodontia ou em uma que outro profissional tenha feito depois —
essa é uma hipótese que sempre vale a pena revisar.
Comece pelo básico.


3️⃣ Algum detalhe técnico ficou de fora?

🔸 Você teve acesso completo à anatomia radicular?
🔸 Todos os canais foram localizados, instrumentados, obturados corretamente?

Se existe alguma dúvida aqui — por mínima que seja —

📸 Vale considerar uma nova radiografia, e em alguns casos, até mesmo uma tomografia.

O objetivo não é buscar erro, mas entender se há algo que ficou oculto, mesmo com todos os cuidados.


4️⃣ Suspeita de trinca? Leve a sério.

❗ Dor localizada, persistente, que piora com pressão lateral…

Esse é um daqueles quadros em que a trinca precisa ser considerada.

Se o paciente tem histórico de bruxismo, se já havia algum indício de trinca no pré-operatório ou se o desconforto simplesmente não se encaixa em nenhuma outra hipótese…

➡️ Essa pode ser a resposta que você está procurando.


5️⃣ E se a dor não for odontogênica?

Essa é, talvez, a mais desafiadora das hipóteses — e também uma das mais negligenciadas.

Quando o paciente relata que a dor “é a mesma de antes do tratamento” – com a mesma intensidade, sem alteração ao longo do tempo – precisamos:

👁️‍🗨️ Olhar além daquele dente.
E além da odontologia.

Sinusite, dor miofascial, neuralgia, dor neuropática…
⚠️ Existem inúmeras possibilidades que exigem um olhar interdisciplinar.

E não há vergonha nenhuma em dizer:
💬 “Aqui, eu preciso da ajuda de outro colega.”

Aliás, isso é sinal de maturidade clínica.


✅ Conclusão: escute a dor, ela está tentando dizer algo

O pós-operatório da endo é, acima de tudo, um território de escuta:
👂 Da biologia
👂 Da clínica
👂 Mas principalmente, do paciente.

O tempo, a intensidade e a qualidade da dor são guias importantes, mas precisam ser analisados:

🔎 À luz do contexto clínico
🔎 E das decisões tomadas durante o tratamento.

Entender:
✔️ O que é esperado
✔️ O que é exceção
✔️ E o que é sinal de alerta

… é parte da nossa responsabilidade.

E não existe algoritmo que substitua o olhar atento de quem está verdadeiramente presente naquele momento com o paciente.

💭 Dor é linguagem. E quem aprende a escutar, trata melhor.


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