Você está terminando o preparo endodôntico, iniciando a obturação dos canais, e, de repente, o paciente começa a relatar dor.
Essa situação, além de desconfortável para o paciente, pode gerar insegurança para o profissional. Mas afinal, por que isso acontece? E, principalmente, o que fazer nesses casos?
O Motivo Mais Comum: Fim do Efeito da Anestesia Pulpar
A anestesia pulpar possui uma duração média de 60 minutos, que costuma ser inferior à anestesia em tecido mole.
Assim, se a obturação ocorre após esse período, é provável que o paciente volte a sentir dor, especialmente durante as etapas mais sensíveis, como a inserção do cone e a condensação da massa obturadora.
➡️ Momento crítico: o tempo de anestesia pode não ser suficiente caso a sessão se estenda mais do que o habitual.
Primeira Ação: Avalie a Intensidade da Dor
Antes de decidir qualquer conduta, é essencial compreender o nível de dor relatado pelo paciente.
Cenário 1: Incômodo Leve e Transitório
- O paciente sente apenas um leve desconforto durante a inserção do cone.
- Após a introdução do cimento e o início da obturação, a dor cede espontaneamente.
✅ Nesse caso, é possível prosseguir com a obturação, realizando o corte e condensação adequados, sem comprometer o conforto do paciente ou a qualidade do tratamento.
Cenário 2: Dor Intensa ou Persistente
Quando o paciente relata:
❌ Dor intensa na prova de cone.
❌ Dor constante, que persiste mesmo sem manipulação.
❌ Sensação de que o dente está latejando.
➡️ Aqui, o quadro exige mais atenção e a escolha entre duas condutas seguras.
Duas Condutas Possíveis e Seguras
Opção 1: Complementar a Anestesia
Se o paciente estiver disposto e o profissional também:
✅ Realize uma infiltração vestibular com articaína.
✅ Mantenha o isolamento absoluto, apenas o afastando minimamente para realizar a aplicação.
✅ Prossiga com a obturação, agora com o paciente sem dor, garantindo qualidade e conforto.
Opção 2: Pausar o Tratamento e Utilizar Medicação Intracanal
Se:
❌ O paciente está exausto.
❌ O profissional já se encontra cansado.
❌ A sessão se prolongou excessivamente.
❌ Complementar a anestesia não parece ser uma boa ideia.
➡️ Não hesite:
✅ Realize a medicação intracanal.
✅ Programe o retorno para a finalização em uma nova sessão.
Essa é uma conduta segura, ética e centrada no bem-estar do paciente.
O Que Não Fazer: Não Prossiga com o Paciente Sentindo Dor!
Tentar finalizar a obturação mesmo com o paciente sentindo dor:
🚫 Pode causar uma experiência traumática.
🚫 Compromete a qualidade da obturação — principalmente no corte e na condensação da massa obturadora.
🚫 Pode gerar uma má impressão — diminuindo a chance de o paciente indicar o profissional.
A experiência do paciente é tão importante quanto a técnica.
Conclusão: Técnica, Ética e Empatia Sempre Alinhadas
Diante da dor durante a obturação:
✅ Avalie com calma.
✅ Escolha a melhor conduta entre complementar anestesia ou pausar e medicar.
✅ Jamais sacrifique a qualidade do procedimento nem o conforto do paciente.
A excelência clínica também se mede pela sua capacidade de conduzir com empatia e segurança os imprevistos.